Qual e como é o papel das miocinas induzidas por exercício físico na regulação do metabolismo? O que há de novo?
Nas últimas décadas, o exercício físico tem sido sugerido como uma estratégia preventiva e terapêutica para o manejo e tratamento de várias doenças crônicas não transmissíveis, incluindo o Diabetes mellitus do tipo 2 (DM2), hipertensão, doenças cardiovasculares, obesidade e sarcopenia. Isso se dá pois o exercício apresenta efeitos benéficos na melhoria dos distúrbios metabólicos e moleculares, através de adaptações a vários tecidos, incluindo o músculo esquelético e o tecido adiposo. Dessa mesma maneira, o sedentarismo, fator de risco extremamente prevalente, torna o músculo, que é considerado uma “glândula”, atrofiado.
Além do efeito do exercício sobre o metabolismo muscular, descobriu-se recentemente que a contração muscular pode induzir a secreção de moléculas chamadas miocinas. A existência destas miocinas aumentou nossa compreensão de como os músculos se comunicam com outros órgãos, como tecido adiposo, fígado, ossos e cérebro, para exercer efeitos benéficos do exercício em todo o corpo. Ou seja, como é feito o crosstalk (comunicação tecidual).
Nas últimas décadas, várias miocinas foram descobertas, como a meteorina, que é o fator inibidor da leucemia; a interleucina-6; a irisina; a miostatina; a interleucina-15, o fator neurotrófico derivado do cérebro; e o ácido β-aminoisobutírico. Embora as miocinas identificadas tenham um papel comum na regulação do metabolismo, a maneira como cada miocina funciona sozinha e em conjunto com as outras ainda precisa ser mais esclarecida.
As novas evidências e as particularidades do exercício físico aplicado às doenças endocrinológicas e metabólicas, bem como o papel da miocina, serão temas discutidos no evento SIEEX SBEM 2019, onde será mostrado o que há de novo sobre o assunto.
Bibliografia consultada:
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